O modelo de assinaturas mudou a forma como jogamos, mas também trouxe incertezas para quem faz os jogos acontecerem. O Xbox Game Pass, principal aposta da Microsoft, garante acesso imediato a grandes lançamentos no catálogo, mas esse movimento gera um efeito colateral chamado “canibalização”: em vez de gastar R$ 200 em um jogo, muitos jogadores preferem pagar a mensalidade do serviço.
Pete Hines, ex-vice-presidente da Bethesda, disse em entrevista recente que o setor ainda não encontrou uma forma justa de avaliar o real valor de cada jogo dentro das plataformas de assinatura. Sem esse equilíbrio, o risco recai sobre os criadores, que acabam presos a contratos pouco vantajosos e a um sistema que privilegia a plataforma em detrimento do conteúdo. Para ele, sem reconhecer e recompensar adequadamente o trabalho de quem desenvolve, o modelo não se sustenta: “sem os desenvolvedores, o serviço não vale nada”.
O que acontece é que antes o pico de vendas logo após o lançamento era essencial para recuperar investimentos e medir o sucesso de um título. Agora, com o pagamento antecipado da Microsoft, há uma compensação inicial, mas não necessariamente proporcional ao esforço criativo e aos custos de produção. Em especial nos jogos AAA, que exigem centenas de milhões em orçamento e equipes enormes, a assinatura pode reduzir drasticamente o potencial de retorno — e o resultado disso já vem sendo sentido em cortes de funcionários, cancelamentos e até fechamento de estúdios.